Só aumentam os pedidos de recuperação judicial por empresas para conseguir renegociar dívidas, reduzir o saldo negativo e evitar fechar as portas. Só no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022, a Serasa Experian contabilizou aumento de 94,44% da insolvência de empresas brasileiras de grande porte. Principalmente por conta dos altos juros, dificuldade no acesso ao crédito e inadimplência elevada.
No primeiro trimestre do ano, também se destacou o crescimento de pedidos de recuperação extrajudicial - disparou em 900%. Segundo Marcelo Carvalho, essa postura demonstra o interesse das partes em renegociar as dívidas. “Essa movimentação serve de termômetro para mostrar o cenário do mercado e como empresas estão atuando para permanecerem de portas abertas e saldarem seus credores”, avaliou o sócio gestor das áreas de Recuperação de Crédito e Recuperação Judicial do escritório Queiroz Cavalcanti Advocacia, Marcelo Carvalho.
O advogado ressalta que esse passo que as empresas endividadas dão, rumo às contas, pode refletir não só no mercado, mas também na manutenção de empregos, geração de tributos aos cofres públicos e na oferta de produtos e serviços aos consumidores. Sem falar no cumprimento de algo que foi acordado com uma empresa. “Como proceder uma pessoa ou empresa que contratou um serviço e a empresa quebrou e não prestou?", argumenta o advogado.
Em abril, pedidos permanecem em alta. De falência também
Só em abril deste ano, os pedidos de recuperação judicial cresceram 43,1%, em relação ao mesmo mês de 2022. O montante de solicitações chegou ao total de 93 no País. Conforme a pesquisa, as micro e pequenas empresas estão no topo das requisições, com 64 pedidos. Serviços foi setor que mais demandou, seguido do comércio e indústria.
Já os pedidos de falência, infelizmente subiram 12%. Os dados integram o Indicador de Recuperação Judicial e Falências da Serasa Experian, empresa de análises e informações que recolhe dados mensalmente para decisões de crédito e apoio a negócios.
Endividamento das famílias
De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), quatro em cada dez adultos brasileiros estavam inadimplentes em abril. No período, eram mais de 66 milhões de brasileiros com débitos. Bancos reúnem a maior parte das dívidas dos consumidores, com 63,76% do total. Depois vem comércio, seguido do setor de água e luz. “A situação financeira dos consumidores reflete também nos negócios das empresas. Por isso, é importante que tanto o mercado corporativo quanto os consumidores consigam ficar em dias com seus débitos. Se preciso, buscar orientação," ressaltou Marcelo Carvalho.